Nerter Samora. www.seculodiario.com.br - Foto capa: Nerter Samora


Depois da polêmica sobre suas agendas políticas no
Espírito Santo, a ministra Iriny Lopes (Mulheres) retornou ao Estado
para repactuar o Pacto Nacional de Enfrentamento à Violência contra a
Mulher. Durante solenidade no palácio Anchieta, na manhã desta
sexta-feira (16), a petista teceu críticas ao governo anterior – sem
citar expressamente o ex-governador Paulo Hartung (PMDB) – que a seu ver
se omitiu diante dos indicadores preocupantes da violência contra as
mulheres no Estado.
“Apenas a foto bonita do Espírito Santo era exposta.
Quando não era bonita, a foto era guardada na gaveta. Com isso, a
violência só aumentou”, criticou a ministra ao dizer que o Estado é
campeão em homicídios de mulheres. “Faltaram prioridade, atenção e
sensibilidade no cumprimento do primeiro pacto [firmando ainda em 2008].
Além da falta de recursos para o setor, a previsão orçamentária era
baixíssima”, listou.
A ministra explicou que o Estado foi o primeiro a
fazer a repactuação para sinalizar ao restante do País de que “há
disposição de mudar o quadro de violência contra a mulher”. Iriny
anunciou que a pasta vai repassar R$ 3,32 milhões para o governo do
Estado. Deste total, R$ 1,9 milhão serão destinados ao pacto. O restante
das verbas será revertido aos municípios para o desenvolvimento de
ações para garantir autonomia econômica às mulheres.
O
pacto visa a ampliar em quatro vezes o número de equipamentos que estão
colocados à disposição das vítimas de violência. Atualmente, o Estado
conta com 30 serviços entre centros de referência, serviços de
abrigamento, delegacias da mulher e Juizados de Violência Doméstica e
Familiar contra a Mulher. As medidas vão abranger 18 municípios polos em
todas as regiões capixabas.
O governador Renato Casagrande (foto)reafirmou que a
repactuação é o início do trabalho em conjunto entre as instituições do
Estado. O socialista afirmou que desde o início do governo está tratando
a questão como uma das prioridades na área social. “A repactuação é
apenas a parte fácil, o difícil será o cumprimento das metas”, alertou.
Os trabalhos serão coordenados pelo vice-governador Givaldo Vieira (PT).
Assinaram o pacto governo do Estado, Tribunal de
Justiça do Estado (TJES), Ministério Público Estadual (MPES) e
Assembleia Legislativa. No caso dos órgãos ligados ao Judiciário, o
compromisso significa mais celeridade nos julgamento dos processos de
violência doméstica e a construção de mais Varas e Juizados de Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher.
Violência
Segundo o Mapa da Violência de 2011, do Ministério da
Justiça e do Instituto Sangari, o Espírito Santo é o estado campeão em
homicídios. No período compreendido entre 1998 e 2008, a taxa de
homicídios femininos é de 10,9 em cada grupo de 100 mil habitantes. No
ano de 2010, o ES também lidera o ranking.
De acordo com dados da Vigilância de Violência e Acidentes (Viva), do Ministério da Saúde, a maior parte dos atendimentos nos serviços hospitalares dos municípios de Vitória, Serra, Colatina, Linhares, São Mateus e Cachoeiro de Itapemirim aponta para mulheres na faixa etária entre 20 e 29 anos (29,2%), seguidos da faixa entre 30 e 39 anos (22,4%).
Entre os eventos violentos predominam agressões e espancamentos, com 81,8% dos casos, e ameaças verbais e agressões psicológicas, com 40,2%.
De acordo com dados da Vigilância de Violência e Acidentes (Viva), do Ministério da Saúde, a maior parte dos atendimentos nos serviços hospitalares dos municípios de Vitória, Serra, Colatina, Linhares, São Mateus e Cachoeiro de Itapemirim aponta para mulheres na faixa etária entre 20 e 29 anos (29,2%), seguidos da faixa entre 30 e 39 anos (22,4%).
Entre os eventos violentos predominam agressões e espancamentos, com 81,8% dos casos, e ameaças verbais e agressões psicológicas, com 40,2%.
Um outro dado sobre a violência contra a mulher é de
que o Espírito Santo é o oitavo em ligações recebidas no serviço “Disque
180”.
Informações coletadas nas Delegacias da Mulher em
todo Estado indicam que a vítima só busca a delegacia em uma situação
limite, quando a sua vida e a de seus filhos estão em perigo. Os
quesitos agressão física e ameaça de morte totalizam 65,3% das
ocorrências realizadas. “A proteção às vítimas tem que atender a todo o
sistema. Em alguns casos, a Justiça determina uma medida protetiva, mas o
Estado é que deve atender”, exemplifica a ministra.
Por conta disso, Iriny disse que um dos objetivos
centrais do pacto é a aplicação integral da Lei Maria da Penha (Lei
11.340/06). A norma criou mecanismos de proteção contra a violência
doméstica e familiar sofrida pelas mulheres. Entre as medidas, está a
previsão de que a ação penal por lesão corporal leve é pública – isto é,
deve ser tocada pelo Ministério Público –, mas condicionada à
representação da vítima.
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