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Nesse evento, eram mais de 1,7 mil inscritos, 300 deles de fora do Espírito Santo, incluindo 15 presidentes de TREs, o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministros, senadores, 80 desembargadores e 110 prefeitos. Além, é claro, do vice-presidente Michel Temer, que chegou ao Aeroporto de Vitória, mas não foi ao evento.
"É uma perda irreparável para todo um setor que batalha para conquistar espaço no cenário nacional. Acordos que estão por vir podem ser prejudicados. O dano causado ao evento cancelado é mínimo perto do dano causado a todo o turismo", frisa Maely Coelho, presidente do Espírito Santo Convention & Visitors Bureau (ESC&VB).
A repercussão já fez com que outro evento de porte nacional, da Organização das Cooperativas do Brasil (OCP), previsto para outubro, fosse cancelado. "Alegaram que falta segurança no Estado", afirmou uma das proprietárias do Centro de Convenções de Vitória, Xuxu Neffa.
Segundo ela, outros dois eventos ainda podem ser cancelados, o que resultaria em uma perda de R$ 300 mil. "O próprio Estado já não investe mais em eventos, fechou os cofres. E, agora, ainda prejudica os de fora. Lamentável", frisou Xuxu.
Ela e a irmã Flávia Neffa estão indignadas. "Cancelar o evento foi precipitado e aumentou a sensação de medo. E o grupo deveria ter sido contido lá na Ufes (de onde os estudantes partiram), e não na porta do Centro de Convenções. Erros atrás de erros", lamentou Flávia. Ela, por sinal, chegou a ser barrada pela segurança do vice-presidente Michel Temer ao tentar entrar no Centro de Convenções. "A dona do local eles não deixam passar, mas o estudantes...", criticou Flávia.
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Temer queria ir até o fórumO vice-presidente Michel Temer (PMDB) ficou cerca de 14 horas em Vitória. Só após o desembarque a comitiva que o acompanhava soube dos incidentes na portaria do evento, onde estudantes tentaram entrar à força no Fórum Nacional da Reforma Eleitoral.
Segundo relatos, Temer insistiu com a Casa Militar para que fossem para o Centro de Convenções. De acordo com integrantes do grupo, a sugestão do governo era de que somente a solenidade de abertura não se realizasse, mas o desembargador Pedro Valls foi quem bateu o martelo pelo cancelamento total do evento.
"Entendemos que ficaria pior para a imagem do Estado se ocorresse algum outro evento desagradável", justificou o presidente do TRE, ontem.
O cerimonial do fórum havia planejado um jantar em um restaurante em Vitória, também abortado por questão de segurança. O vice-presidente foi convidado e jantou na casa do prefeito João Coser, acompanhado da comitiva que estava no aeroporto e da ministra Iriny Lopes (PT).
Ontem de manhã, Temer recebeu o senador Ricardo Ferraço, o deputado federal Lelo Coimbra e o ex-governador Paulo Hartung (PMDB) para o café da manhã na suíte presidencial do hotel em que se hospedou. Eles ficaram por cerca de uma hora reunidos até que a comitiva presidencial - acompanhada por batedores da Polícia Federal - seguiu até o aeroporto. O acesso à pista foi pelo portão da Petrobras, e o voo partiu às 9h15. (Eduardo Fachetti)
Assunto principal em quase todas as conversas no Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) entre servidores e entre advogados que compareceram à sessão do Pleno, o cancelamento do Fórum Nacional de Reforma Eleitoral não foi sequer mencionado pelos desembargadores durante a sessão. Antes, contudo, eles se reuniram a portas fechadas por cerca de 20 minutos, no gabinete do presidente da Corte, Manoel Alves Rabelo. Os dois representantes do TJES no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), desembargadores Pedro Valls Feu Rosa (presidente) e Alvaro Bourguignon, não compareceram à sessão por estarem reunidos no TRE para discutir o assunto. Fora do plenário, os únicos comentários dos desembargadores presentes no momento em que os estudantes invadiram o Centro de Convenções foram lamentações. Nos bastidores, a informação é de que muitos consideraram precipitado cancelar os três dias de evento, mas ninguém falou abertamente do assunto. Rabelo disse que não falaria do tema, pois isso caberia exclusivamente ao presidente do TRE.
Aliados do governo reagem de formas diversas
A manifestação no Centro de Convenções provocou reações diversas entre aliados do governo estadual. Um deles, o deputado Josias da Vitória (PDT), presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa.
Para ele, o Estado tem se mostrado responsável na condução do caso. "O governo tem que respeitar os movimentos, legítimos, mas não pode ceder a qualquer pressão. Não tenho dúvidas de que o governador vai atendê-los. Mas os alunos precisam discutir com a comissão especial", disse.
Sem ver solução imediata para o problema, Da Vitória entende que, agindo como na quarta, os estudantes perdem a razão. "Mais uma vez, tivemos a comprovação de excesso."
Já a senadora Ana Rita Esgário (PT), que entrou na mediação com os estudantes na quarta, entende que o movimento agora tem uma pauta clara, tendo como centro a melhoria do transporte coletivo. Mas concorda que eles precisam ceder. "Têm que dialogar com a comissão. Não é só o governador que fala pelo governo."
Amunes
A Associação dos Municípios do Espírito Santo (Amunes) divulgou ontem um informe em que faz críticas ao movimento estudantil. Para a entidade, os estudantes querem impor projetos sem levar em conta a realidade estadual, e as reivindicações tendem a concentrar ainda mais os investimentos na Região Metropolitana. A Amunes diz que as propostas não têm previsão orçamentária e que, na área urbana, alunos já têm passagens subsidiadas. (Vitor Vogas)
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