sábado, 8 de outubro de 2011

SUL CAPIXABA: TRABALHO ESCRAVO NA FAZENDA DO DEPUTADO CAMILO COLA. Indenização após sufoco e flagra. 22 pessoas que viviam e trabalhavam em condições precárias vão receber direitos na 2ª

Mikaella Campos - malmeida@redegazeta.com.br

foto: Divulgação
Local do alojamento na fazenda Pindobas denunciada pelo Ministério Público - Editoria: Economia AG - Foto: Divulgação
No local onde moravam os trabalhadores, no município de Brejetuba, esgoto corre a céu aberto
Sem férias, 13º salário e direitos previdenciários, os 22 trabalhadores em situação semelhante à escravidão em Brejetuba vão receber na próxima segunda-feira a indenização trabalhista.

Eles foram encontrados na quinta-feira em um terreno ao lado da fazenda Pindobas 4, de propriedade do deputado federal e dono do Grupo Itapemirim, Camilo Cola.

O Ministério Público do Trabalho (MPT) suspeita que a Cute Terceirização, que contratou as vítimas, esteja ligada há 20 anos à empresa do deputado.

Segundo o auditor fiscal do Ministério do Trabalho e Emprego, Rodrigo de Carvalho, os trabalhadores foram contratados para atuar no corte e no tombamento da madeira.

Eles viviam em situação degradante e só recebiam o salário de R$ 545 a cada 45 dias de trabalho. Um dos funcionários foi encontrado com sintomas de pneumonia e sem cuidados médicos.

Os poucos empregados que tinham a contratação registrada em carteira de trabalho não recebiam direitos trabalhistas.

Carvalho diz que as carteiras de trabalho das vítimas estão retidas pela Cute em Ipanema, em Minas Gerais, local onde os trabalhadores foram aliciados. Depois de receberem o pagamento, essas pessoas serão encaminhadas à cidade de origem.

Para impedir novas contratações irregulares, o MPT interditou o local onde é realizado o tombamento da madeira e só vai autorizar o reinício das atividades depois que Pindobas apresentar um projeto.

Segundo a assessoria de imprensa do Grupo Itapemirim, Pindobas dará um adiantamento à Cute para o pagamento das rescisões trabalhistas. A empresa afirma ainda que todos os funcionários estavam legalmente registrados, informação contestada pelo MTE.

O Grupo Itapemirim informou que o contrato com a Cute tem registro em cartório desde 2002, não sabendo responder se havia vínculo de 20 anos.

Vítimas: A operação da Polícia Federal, Ministério Público do Trabalho e Ministério do Trabalho encontrou 21 homens e uma mulher vivendo em situação precária.

Fazenda: Os funcionários estavam num terreno ao lado da fazenda Pindobas 4, do deputado Camilo Cola. Segundo o MTE, a área foi alugada para alojar os trabalhadores e burlar a fiscalização.

Situação:
O alojamento não tinha energia elétrica, estava com mofo, infiltração e com banheiro precário. No imóvel, também não havia camas nem armários. As pessoas dormiam em colchões. Alimentos e remédios eram mantidos no chão, junto a roupas sujas. A comida era feita no fogão a lenha do lado de fora da casa, próximo a um esgoto.

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