quarta-feira, 14 de setembro de 2011

ES: TJES vai investigar demora no envio de autos do caso Alexandre Martins para Brasília

Nerter Samora - www.eculodiario.com.br
Foto capa: Fábio Nunes

O julgamento do assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro Filho, morto em 2003, segue gerando polêmicas no Judiciário capixaba. No início do mês, o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Manoel Alves Rabelo, determinou a abertura de uma sindicância para apurar a demora na digitalização de um recurso do ex-juiz Antônio Leopoldo Teixeira, acusado de ser o mandante do crime. Os autos do caso só chegaram ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) quase um ano após o recurso.

O assunto foi abordado durante a última sessão do Conselho da Magistratura, realizada no último dia 5, cuja ata só foi publicada no Diário da Justiça desta quarta-feira (12). Durante a parte administrativa da sessão, o desembargador sugeriu a abertura de investigações após a “detecção” de supostas irregularidades na tramitação do recurso do ex-juiz Leopoldo contra a sentença que o pronunciou como um dos mandantes da morte do juiz Alexandre.

Rabelo utilizou como argumento a demora de quase um ano na digitalização das peças do caso que deveriam ser enviadas para instâncias superiores, em Brasília. Em decisão unânime, o colegiado aprovou a instauração da sindicância contra os servidores, que não foram identificados. No entanto, a abertura das investigações aponta a responsabilidade de outros agentes na demora da subida dos autos, que chegaram na forma de recurso especial no Superior Tribunal de Justiça apenas no último dia 1.

Consta na tramitação do processo que a última decisão do TJES em relação ao caso é datada de 10 de fevereiro do ano passado. Na ocasião, a 2ª Câmara Criminal da corte rejeitou, por unanimidade, uma preliminar – espécie de defesa prévia no processo – levantada pela defesa de Leopoldo. A alegação era de que haveria o impedimento da maioria dos desembargadores na apreciação do recurso contra a sentença de pronuncia, cujo mérito ainda não fora examinado.

Durante o julgamento, o relator do caso, desembargador Adalto Dias Tristão, rejeitou a alegação da defesa do ex-magistrado de que a competência do julgamento seria do Supremo Tribunal Federal (STF), já que mais da metade dos desembargadores estaria impedida de atuar. Não só pela relação com o ex-magistrado – que chegou a atuar junto aos desembargadores –, bem como pelo fato de o TJ ter atuado como juízo de 1º grau, o que o impediria de atuar também como instância recursal.

No voto, Adalto Tristão destacou que era possível fazer a convocação de juízes de 1º grau na substituição de membros do Pleno, assim como a eleição de novos desembargadores à época. “Com o novo quadro existente atualmente temos número suficiente para compor as Câmaras Reunidas”, alegou ao se referir à possível entrada de um pedido de revisão criminal – fato que ocorreria apenas depois do resultado do júri popular.
Após a decisão do colegiado, o recurso passou a ter uma tramitação conturbada, o que acabou culminando na demora da subida do recurso contra essa decisão baseado no voto de Adalto Tristão. O acórdão foi publicado no início do mês seguinte e ainda em abril daquele ano a defesa apresentou o recurso especial. Desde então, o caso passou por idas e vindas no Ministério Público Estadual – que deve se manifestar pela aceitação ou não deste tipo de recurso.

Segundo informações extraídas do site do TJES, o vice-presidente do tribunal, Arnaldo Santos de Souza, admitiu o recurso no dia 23 de agosto daquele ano. A partir deste momento, os autos poderiam ser enviados a Brasília, mas o caso foi enviado novamente para manifestação do procurador-geral de Justiça, Fernando Zardini, na forma de contra minuta – quando uma parte recorre da aceitação do recurso.

Logo depois, o sistema processual do TJES aponta que os autos foram enviados para o Ministério Público e retornaram quase um ano depois. De acordo com o levantamento, o processo ficou no gabinete de Zardini do dia 3 de setembro do ano passado até o dia 24 de agosto deste ano. Na data de retorno dos autos, o processo teve um andamento acelerado, com várias notificações e publicações no Diário da Justiça.

Consta ainda que no dia 26 último os autos do processo foram enviados para o núcleo de processamento eletrônico do TJES. Três dias depois, os numerosos arquivos digitais – ao todo, 55 volumes, três agravos e seis apensos – foram remetidos a Brasília. No STJ, o caso foi autuado como Recurso Especial 1277889 e o relator designado foi o desembargador convocado pelo STJ Adilson Vieira Macabu, que atua no TJ fluminense.

Dentro da verdadeira via crucis dentro do processo, que poderá ser o primeiro relacionado ao caso Alexandre a ter o julgamento federalizado, os autos do recurso já começaram a circular. No mesmo dia em que Rabelo sugeria a abertura de sindicância, o processo era remetido em Brasília para o Ministério Público Federal (MPF). Ainda não há qualquer despacho ou decisão sobre o caso.

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