O hipermercado Carrefour vai sair do mercado capixaba deixando para trás um prejuízo de mais de R$ 15 milhões ao Fisco Estadual.
No início do ano, o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) denunciou na Justiça a empresa por crime contra a ordem tributária e sonegação. A dívida é referente à loja de Vila Velha, fechada em 2008.
De acordo com o MPES, a multinacional francesa fraudou o recolhimento de ICMS, entre 2006 e 2008, com a intenção de obter vantagens com créditos tributários e pagar menos impostos ao realizar vendas das mercadorias ao consumidor.
O sistema de benefícios fiscais dado pelo governo ao comércio funciona assim: ao comprar um produto para a revenda, a empresa paga uma quantia referente a ICMS. Para não ser cobrada em duplicidade ao vender a mercadoria para o consumidor, a loja informa a Receita Estadual o valor inicial pago de tributos.
Nesse caso, o Fisco dá um desconto e exige da empresa apenas o recolhimento da diferença de ICMS entre o valor de custo do produto e o preço pago pelo cliente.
Para obter crédito tributário a qualquer custo, o Carrefour lançava no sistema da Receita Federal notas fiscais fraudadas, algumas com datas posteriores à chegada do produto no estoque da empresa e à venda ao consumidor final. O dano aos cofres públicos foi descoberto pela Secretaria da Fazenda Estadual depois de uma fiscalização de rotina.
Segundo o promotor, Lidson Fausto da Silva, responsável pela denúncia, o MPES tem acompanhado atentamente a movimentação patrimonial do Carrefour no Estado e a saída da empresa do mercado do Estado.
"Não é possível dizer que o Carrefour está saindo de Vitória por conta do processo Judicial. Mas estamos atento a qualquer movimento para que o Estado possa receber o que foi sonegado", diz o promotor.
Justiça
Para que o Fisco tenha garantia de ressarcimento, o MPES solicitou à Justiça, inclusive, o sequestro dos bens que estejam registrados em nome da multinacional e de seus sócios no Brasil. Foram denunciados três proprietários do Carrefour.
Por meio da assessoria de imprensa, o Carrefour disse que só discutirá o tema na Justiça.
Desde ontem, a rede francesa fechou as portas da unidade em Vitória. Ainda não se sabe se a mesma irregularidade da loja de Vila Velha era praticada no estabelecimento da Capital. Para compensar a saída da marca Carrefour do Estado, a multinacional vai inaugurar em outubro um novo Atacadão, em Vila Velha.
A empresa não explicou se vai aproveitar a inscrição estadual, o CNPJ da loja do Carrefour em Vitória no novo modelo de negócio ou se vai abrir uma nova empresa e registrá-la na Junta Comercial.
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