segunda-feira, 25 de julho de 2011

ES: Às vésperas da eleição, moradores de Jardim da Penha elegem segurança como desafio. Estudante, comerciante e morador invertem os papeis para falar de desafios do tradicional bairro de Vitória

LEONARDO SOARES - GAZETA ONLINE

As histórias são de mais de 40 anos, mas o visual segue jovem. De segunda a quinta, tem dias mais tranquilões, mas, quando chega a sexta-feira, vira um boêmio de primeira, daqueles que vão de bar em bar e só descansam novamente quando acaba o domingo. Este é Jardim da Penha, bairro de contrastes conhecido por unir vocações tão diferentes quanto o comércio, o lazer, a vida universitária e o perfil residencial. E, às vésperas da eleição para a associação de moradores, no dia 30 de julho, representantes de três perfis clássicos inverteram os papeis para descobrir os principais desafios de quem mora, trabalha ou estuda em Jardim da Penha.
fotos: Leonardo Soares
Jardim da Penha. Margareth Oliveira
Margareth Oliveira trabalha em Jardim da Penha e não troca o lugar de jeito nenhum
Margareth Oliveira Ribeiro, 43, conhece o bairro "até de olhos vendados" e garante que não troca o bairro por lugar nenhum. Ela trabalha como empregada doméstica há quatro anos e, sem saber, integra uma estatística curiosa: Margareth é uma das 3.167 mulheres que existem para cada homem no bairro, segundo o Censo de 2010, que apontou Jardim da Penha como o segundo bairro mais populoso da Grande Vitória, com 30.571 moradores.

Por outro lado, mesmo sem ser especialista em comprar e vender coisas, ela sabe muito bem os desafios de quem é comerciante no local. Principalmente o que precisa para melhorar. "Mais segurança nos bares. Os assaltos acontecem frequentemente e a polícia só é vista de vez em quando. É pouco, e não tem resolvido nada. É difícil ver polícia por aqui. Eles ficam mais na pracinha, mesmo, longe do comércio", avalia.

Aprovada

O problema pontuado por Margareth Ribeiro é exatamente o principal questionamento do comerciante Márcio Ribeiro Félix, 38 anos, que aprovou o momento "comerciante por um dia" da empregada doméstica. Márcio também aceitou o desafio e foi convidado a dizer o principal desafio de quem é estudante em Jardim da Penha.

"Eu continuo focando na segurança. O bairro tem muitas pracinhas, mas não tem um carro de polícia circulando ou parado. É um volume muito grande de alunos circulando durante a noite, mas a segurança é pouca. Eu vejo pelo que converso com quem estuda aqui. O mesmo problema do comércio, é o de quem estuda", avalia.
Jardim da Penha. Margareth Oliveira
Márcio Ribeiro: 'É um volume muito grande de alunos circulando durante a noite, mas a segurança é pouca'

A estudante de Direito Thaís Santos Brito, 20 anos, estuda na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e, há dois, anos vive o ritmo calmo e agitado de Jardim da Penha. A jovem confessa que não percebe muitos desafios a serem superados no bairro. Gosta da estrutura, dos acessos, do transporte e da movimentação do local. Mas, sem pensar duas vezes, aponta o que o morador do bairro mais pede.

"Policiamento. Já fui assaltada duas vezes. No resto, aqui tem de tudo. Então seria o principal problema mesmo. E é para todo mundo. A violência, no geral, afeta a todos: moradores, estudantes e comerciantes", pontua.

Para tentar deixar o bairro em ordem, PM atua 24 horas
Diante de um consenso dos moradores de Jardim da Penha, que elegeram a segurança como o principal desafio de quem tem algum tipo de ligação com o bairro, quem for eleito no dia 30 de julho já sabe por onde começar. Mas, de acordo com o comandante do posto da Polícia Militar que atua em Jardim da Penha, o capitão André, o trabalho é feito. Regularmente.

foto: Edson Chagas
Jardim da Penha. Margareth Oliveira
Vista aérea de Jardim da Penha
"A gente atua 24 horas por dia, todos os dias, dentro de Jardim da Penha. Para isso a gente conta com diversas modalidades de policiamento e concentra a maior parte nos horários que tem mais movimento. Mais no horário comercial", resume.

Nos horários alternativos, quando a juventude está nos bares ou na universidade, o capitão garante que também há segurança. "Além disso tudo, Jardim da Penha tem essa vida noturna nos finais de semana. Então a gente intensifica o policiamento nesses períodos, também", garante.

Chegam ocorrências de diversos tipos no posto da PM, localizado em uma das pracinhas do bairro, mas quase todos são de pequenas proporções. O principal crime, segundo o capitão, é contra carros e imóveis. "Os crimes que mais ocorrem em Jardim da Penha são mais crimes contra o patrimônio. A gente não vê muito homicídio, tráfico de drogas. São coisas que se acontecem, são poucas vezes. É mais crime contra o patrimônio. Ou seja, arrombamentos, roubos de veículos, roubo de pessoas em vias públicas e em estabelecimentos comerciais. São as maiores demandas do bairro", explica.

Mesmo com o trabalho da polícia e as demandas da população, uma coisa é certa. Os novos líderes comunitários de Jardim da Penha terão bastante trabalho para cuidar de um bairro que já é grande por natureza.

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