A Defensoria Pública de São Paulo entrou com pedido de indenização no valor de R$ 1 milhão aos pais de Dileone Lacerda de Aquino, morto por policiais militares dentro de um cemitério em Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo. O pedido prevê R$ 500 mil de indenização, a título de dano moral, e pensão mensal de um salário mínimo para cada um dos pais. Foi pedido ainda ressarcimento das despesas de R$ 2.349,33 gastos pela família com o velório, transporte e sepultamento de Dileone.
O pedido será analisado pela Procuradoria Geral do Estado. Segundo a Defensora Pública Daniela Skromov, responsável pelo caso, a finalidade é buscar uma composição extra-judicial para o caso, evitando-se a necessidade de levá-lo ao Judiciário.
Em março passado, Dileone foi perseguido por dois policiais militares após relato de um roubo de carro. Ele teria abandonado o veículo, alvejado com um tiro na perna, algemado e colocado na viatura policial.
Os policiais levaram o rapaz para o cemitério Parque das Palmeiras e mataram. O crime foi narrado ao telefone 190 da PM por uma mulher que estava dentro do cemitério e viu a cena.
Para a Defensora Daniela Skromov, o Estado deve responder pelos atos praticados pelos policiais, que estavam no exercício de função pública.
- A responsabilidade do Estado é objetiva, de forma que o Governo tem o dever de indenizar os familiares da vítima por danos morais e materiais sofridos - disse.
A coragem da mulher que narrou a execução foi surpreendente. Gravação divulgada pela polícia tornou público o diálogo com o atendente do 190:
- Olha eu estou no cemitério Parque das Palmeiras, em Ferraz de Vasconcelos, e uma viatura da Polícia Militar acabou de entrar com uma pessoa dentro. Ele tirou essa pessoa do carro e deu um tiro. Eu estou aqui próximo da sepultura do meu pai - diz a mulher ao atendente do 190.
Ele responde: - A senhora sabe o prefixo dessa viatura?
- Não, eu não vou chegar perto para olhar. Eu estou vendo a viatura, mas não dá para ver o prefixo. A viatura vai passar e vai dar para eu ver o prefixo. Espero que não me matem também - diz a mulher.
A mulher informa a placa ao atendente e o prefixo da viatura: placas DJL 0451 e prefixo M29411.
O atendente diz que vai registrar a ocorrência e pede que ela ligue também na Corregedoria da Polícia Militar.
Em seguida, antes de deixar o cemitério, os policiais percebem que estão sendo observados e abordam a mulher. A testemunha avisa ao atendente do Copom. E começa a discutir com o policial militar.
- Tem um PM vindo na nossa direção. Desculpa, era o senhor que estava naquela viatura? O senhor que efetuou o disparo ali? Eu estou falando com a Polícia Militar - diz a mulher.
O policial diz que estava socorrendo a vítima.
E a mulher responde: - Meu senhor, olha bem para minha cara. Ele falou que estava socorrendo. É mentira, é mentira. Eu não quero conversar com o senhor. Ele está dizendo que estava socorrendo. Ele entrou dentro do cemitério.
- A senhora não sabe o que ele fez - diz o policial.
E depois se justifica: - Ele ameaçou
E a mulher diz: - Obrigada, o senhor já disse tudo.
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