sexta-feira, 3 de junho de 2011

RIO: Policiais usavam talões do jogo do bicho em delegacia. Em inspeção na 76ª DP (Niterói), corregedoria encontrou dois blocos de apontadores que serviam como rascunho para agentes


POR ADRIANA CRUZ. O DIA

Rio - Os talões dos apontadores do jogo do bicho também ganharam utilidade na 76ª DP (Niterói), apontada como ‘escritório do crime organizado’ pela Corregedoria da Polícia Civil e (Coinpol) e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público. Durante as investigações sobre o envolvimento do grupo com a máfia dos caça-níqueis, foram encontrados no balcão de atendimento da delegacia dois blocos com números de apostas que serviam como rascunho para os agentes da unidade.
Dinheiro, cheques e equipamentos foram apreendidos em operação policial contra a máfia dos caça-níqueis | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia
“O negócio era tão escancarado que os talões ficavam à mostra em cima da mesa para anotar recados”, destacou o corregedor da Polícia Civil, Gilson Emiliano. Quinze pessoas foram denunciadas à Justiça como resultado da Operação Alçapão, deflagrada quarta-feira.

Nove acusados foram presos, entre eles um agente penitenciário e seis policiais civis. Todos foram levados ontem para o presídio de Bangu 8. Só o inspetor Jerônimo Pereira Magalhães, o Magal, chefe do setor de Homicídios da 72ª (São Gonçalo) continua foragido.
Para o promotor Cláudio Varela, do Gaeco, os agentes atuavam muito à vontade. “Embora esse tipo de conduta não seja fácil de ser investigada, desta vez alguns policiais se sentiam tanto à vontade, a ponto de usar os talões do jogo do bicho”, avaliou.

A crença na impunidade, para o corregedor, permitiu ainda que a polícia apreendesse R$ 210 mil em mala na copa de árvore na casa do inspetor Jorge Gomes Barreira, em Guaratiba, além de munição de uso restrito, espingarda e dois revólveres, sem registros, na casa do agente Márcio Coutinho Braga.

Investigação sobre o patrimônio
Os acusados de envolvimento com a máfia do jogo vão ter que prestar conta sobre seu patrimônio, como Jorge Gomes Barreira, que escondeu a mala com R$ 210 mil numa árvore no quintal de sua casa. Mas mesmo quem não foi denunciado à Justiça, como Marival Gomes, policial civil e assessor da Secretaria executiva da Prefeitura de Niterói, vai ter que dar explicações à polícia. No apartamento dele, a corregedoria apreendeu joias e dólares.
Outro que será chamado para depor é o policial Marco Lira, ex-presidente da escola Viradouro. No lixo de um apartamento, que teria sido dele, havia canhotos de cheque com valores de até R$ 55 mil.

Afastados das funções
O juiz da 3ª Vara Criminal de São Gonçalo, João Guilherme Chaves Rosas Filho, determinou o afastamento da função dos dez policiais civis e do agente penitenciário denunciados por ligação com o esquema de proteção aos caça níqueis. Nesse grupo, três inspetores vão responder às acusações em liberdade, mas sem trabalhar. Entre os nove presos, está o agente penitenciário e seis policiais civis.
Ontem, três equipes de agentes da Corregedoria tentaram localizar o paradeiro de Jerônimo Pereira Magalhães, o Magal, inclusive na Região dos Lagos, mas ele não foi encontrado.

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