Policiais encontraram máquina de caça-níquel na antiga casa do ex-presidente da Viradouro Foto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia |
"A MALA" - A mala de dinheiro encontrada escondida numa árvore na casa de um policial civil tinha cerca de R$ 210 mil, segundo informou a chefe de Polícia Civil do Rio, Martha Rocha. Ao todo, foram expedidos dez mandados de prisão e 29 de busca e apreensão.
O delegado Henrique Faro, titular da 104ª DP (São José do vale do Rio Preto), outros quatro policiais civis, o agente da Secretaria de Administração Penitenciária José Carlos Pate dos Santos, o advogado Álvaro Monteiro Rolla e o informante Willian Barros Pereira foram presos, durante uma operação realizada na manhã desta quarta-feira, acusados de participar de um esquema de cobrança de propina de contraventores e empresários em troca de benefícios em investigações. Na casa do policial Jorge Gomes Barreira, que está foragido, foi encontrada uma mala com R$ 210 mil, escondida numa árvore. Já foram apreendidos computadores, documentos, laptops, armas, munição e duas motos, sendo uma modelo BMW e uma Suzuki. Os outros policiais civis presos foram identificados como: Márcio Coutinho Braga, Ronaldo Antunes Blanco, Carlos Alberto Donato da Cruz Monteiro e Alexandre da Silva Gonçalves. Também está foragido o policial Jerônimo Pereira Magalhães.
Além dos oito presos e dois foragidos, também foram denunciados pelo Ministério Público Estadual (MPE), sem pedido de prisão preventiva, os policiais civis Cláudia Barbosa Gonçalves e Carlos Alberto dos Anjos, o diretor de segurança do Estaleiro Mauá, Wagner de Oliveira, e o gerente o Supermercado Guanabara de Niterói, Ademilson Madalena da Silva.
Um dos 29 mandados de busca de apreensão foi cumprido na casa do ex-secretário de Segurança de Niterói, Marival Gomes, que fica na Praia de Icaraí. Além da casa dos suspeitos, os policiais visitaram supermercados, o estaleiro Mauá, escritórios de advocacia e repartições públicas.
De acordo com denúncia do MP, os policiais da 76ª DP (Niterói), 72ª DP (São Gonçalo) e 81ª DP (Itaipu) - Jerônimo Pereira Magalhães (o Magal), Márcio Coutinho Braga, Ronaldo Antunes Blanco, Carlos Alberto Donato da Cruz Monteiro (o Betinho ou Donato), Alexandre da Silva Gonçalves e Jorge Gomes Barreira recebiam dinheiro de contraventores para não reprimir o jogo do bicho e a exploração de máquinas caça-níqueis nos municípios de São Gonçalo e Niterói. Magal, chefe do Setor de Homicídios da 72ª DP (São Gonçalo), era o responsável por recolher o dinheiro e distribuir para os outros. Os agentes também vazavam informações sobre operações contra os jogos ilegais.
Gonçalves foi reconhecido como proprietário de máquinas caça-níqueis, que funcionavam na rua da 72ª DP (São Gonçalo), da qual foi chefe do Setor de Investigação. Ele foi chefe de segurança do ex-presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) Aílton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães, que será intimado a depor como testemunha.
Já o policial Fernando Eduardo de Almeida Campos, lotado na 78ª DP (Fonseca), mas que trabalhava no Departamento Geral de Polícia do Interior, no prédio da Chefia de Polícia Civil, foi denunciado por corrupção passiva. Ele pediu três camisas para o Setor 11 do Sambódromo, no Desfile das Campeãs, a um representante do Supermercado Guanabara, prometendo, em troca, tratamento privilegiado em todas ocorrências envolvendo o estabelecimento. Como o supermercado negou o pedido, Campos disse que seria "mordomia zero" para casos envolvendo a empresa.
Os policiais Gonçalves, Barreira e Cláudia Barbosa Gonçalves também estão envolvidos na cobrança de propina ao gerente de segurança do Estaleiro Mauá, Wagner de Oliveira, e ao agente penitenciário José Carlos Pate dos Santos, que faz segurança no local, em troca de tratamento privilegiado à investigação de um inquérito envolvendo o estaleiro.
Com exceção de Campos, todos foram denunciados pelo crime de formação de quadrilha. Os policiais vão responder ainda por corrupção passiva e Magal por prevaricação. Os seguranças do estaleiro e o gerente do supermercado serão processados por corrupção ativa.
O advogado e o informante também foram denunciados, junto com Gonçalves e Barreira, por participarem de negociações com uma padaria no Barreto que estaria praticando furto de energia elétrica.
A ação, batizada de Alçapão, foi deflagrada às 6h pela Corregedoria Interna da Polícia Civil (Coinpol) e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público estadual.
O delegado foi preso em casa, na Tijuca. Ele está na Delegacia Anti-Sequestro (DAS), onde passará esta noite. Os demais presos estão sendo encaminhados para a sede da Coinpol, na Zona Portuária.
Segundo o corregedor da Polícia Civil, Gilson Emiliano Soares, a investigação começou há cerca de seis meses, motivada por imagens feitas pela Polícia Federal, que mostravam pontos do jogo do bicho em atividade perto de delegacias e outros prédios públicos.
Durante a operação, os agentes também estiveram na antiga casa do ex-presidente da Viradouro Marcos Lyra, em Camboinhas, Niterói. Segundo funcionários do condomínio, Lyra não mora no local há três meses e teria vendido a casa. Na residência, que teria sido vendida por mais de R$ 1 milhão, os policiais encontraram máquinas caça-níqueis e documentos da Viradouro.
Chefe de Polícia Civil defende a corporação
A chefe de Polícia Civil do Rio de Janeiro, delegada Martha Rocha, afirmou durante entrevista coletiva que conta com competentes agentes na corporação que não temem a ação da Corregedoria Interna. Depois de anunciar a prisão de sete dos procurados, Martha Rocha ressaltou a competência dos policiais da corporação:
- A Polícia Civil é pró-ativa e está investigando o que é pertinente aos policiais civis envolvidos. Mas não tenho dúvida de conto com um grupo de bons, dedicados e competentes policiais. E esses valorosos policiais não temem a ação da Corregedoria da Polícia Civil.
Martha Rocha disse ainda que será investigada a origem dos R$ 210 mil encontrados numa mala escondida numa árvore na casa do policial civil preso Jorge Gomes Barreira:
- Serão estudadas as hipóteses de enriquecimento ilícito e lavagem de dinheiro.
"Onde o vento faz a curva": Como fazer uma faxina. http://ondeoventofazacurvalagoinha.blogspot.com/2011/10/como-fazer-uma-faxina.html?spref=tw
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