quinta-feira, 19 de maio de 2011

"Espólio de um Déspota": "Duas novas denúncias surgem contra delegado preso por extorsão e torturas"

foto: Marcos Fernandez
Marcio Braga, delegado de polícia- - Editoria: Polícia - Foto: Marcos Fernandez
As duas novas queixas são casos similares àqueles já investigados contra Márcio Braga
Duas novas denúncias já foram formalizadas contra o delegado Márcio Braga e pelo menos um dos cinco policiais presos pela Corregedoria da Polícia Civil na última sexta-feira (13). Além deles, a equipe que faz a investigação sobre o suposto esquema de extorsões, roubos e torturas já recebeu outros relatos semelhantes por telefone. No entanto, não houve formalização de denúncia.

De acordo com o titular da Delegacia de Crimes Funcionais da Corregedoria, o delegado José Porfírio Bessa, essas duas novas queixas dizem respeito à prática de extorsão e uso da violência. São casos similares àqueles já investigados contra Márcio Braga. A partir de agora, as denúncias formarão dois novos inquéritos e poderão ser juntados aos autos existentes.

Na Corregedoria já existem, pelo menos, sete inquéritos contra Márcio Braga. Alguns relatos datam de 2008, e segundo fontes ligadas aos processos, são de conhecimento do Ministério Público Estadual e até mesmo do gabinete da Secretaria de Segurança Pública. Mesmo assim, em janeiro deste ano, o delegado foi promovido à categoria especial da corporação. Segundo o próprio investigado, hoje o salário chega a R$ 15 mil.

Na noite desta quarta-feira (18), a Secretaria de Segurança Pública nomeou os dois novos titulares da Delegacia Patrimonial. O delegado Aílton Miguel Schaeffer deixa o DPJ da Serra para assumir a cadeira de Márcio Braga. Já o posto de Luiz Neves será ocupado por André Luiz Landeira Peixoto, que estava à frente da Delegacia de Itacibá.

7 horas de depoimento
Durante parte da manhã e por toda a tarde desta quinta, a Corregedoria da Polícia Civil tomou os depoimentos dos investigadores Hilário Roger Nascimento e Fábio Loureiro Malheiros, e também do escrivão Marcos Marcelo Sartório. Os três continuam presos por suposta participação no esquema criminoso que, segundo inquérito, fazia da Delegacia Patrimonial um cenário de torturas e chantagens.

Os depoimentos duraram sete horas. Os três investigados ficaram na mesma sala, e mesmo diante um dos outros, se contradisseram. Por exemplo: Sartório e Malheiros negaram a invasão de domicílio da principal testemunha de acusação do esquema. Hilário, no entanto, afirmou durante a oitiva que não havia mandado de busca e apreensão que permitisse entrar na casa de Jonílson Ferreira Rodrigues ou de parentes dele. No entanto, admitiu ter conhecimento que os policiais estiveram na casa de parentes do denunciante e retiraram alguns pertences de lá.

Em outro ponto de contradição, Hilário e Malheiros dizem jamais ter visto Jonílson circulando pela Delegacia Patrimonial. Marcos Sartório, no entanto, afirmou, em depoimento, que viu o denunciante na sala do delegado Luiz Neves dias antes da prisão por tentativa de suborno. Durante a oitiva, Sartório chegou a afirmar que "muitas das coisas ditas por Jonílson podem ser verdadeiras, mas outras, falsas"

Nesta quinta-feira (19), as duas últimas testemunhas do inquérito serão ouvidas. São uma investigadora e um delegado. A expectativa é de que na próxima terça, após o feriado da Colonização do Solo Espírito-Santense, os autos sejam encaminhados à Justiça com o relatório final.

EDUARDO FACHETTI - GAZETA ONLINE

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