"Muitos municípios criaram defesas civis, mas não têm funcionários nem estrutura. Apenas 26 contam com coordenadores exclusivos para a defesa civil. Nos demais, os responsáveis estão envolvidos com outras atividades e só agem em caso de emergência", explica o coordenador da Defesa Civil Estadual, coronel Edimilton Ribeiro.
Organização
A Defesa Civil Estadual tenta, há tempos, fazer com que essas cidades tenham suas próprias equipes de defesa civil, de forma organizada e fixa. "Hoje, 52 municípios não têm condições para enfrentar desastres. Faltam mapeamento e monitoramento de áreas de risco, planos de contingência de desastres e capacitação de voluntários", aponta o coordenador.
Emergência
Segundo a Defesa Civil Estadual, 29 municípios decretaram situação de emergência em 2010. De janeiro até o início deste mês, foram 23. "A quantidade e a intensidade de chuvas e desastres naturais está crescendo", diz Ribeiro.
Na Grande Vitória, as áreas onde o risco de desastres é maior ficam em Vila Velha, Viana e Cariacica. No interior do Estado, a maior preocupação é no Sul. "Vila Velha está abaixo do nível do mar e é cortada por canais. Em Viana e Cariacica, o problema é a ocupação desordenada em morros e encostas. Já no Sul, muitas cidades foram construídas às margens de rios", explica.
Carro 4X4 e barco para municípios
Diante da dificuldade de estruturar os órgãos municipais, a Defesa Civil Estadual vai doar a alguns municípios um kit que inclui uma caminhonete cabine dupla 4X4, um barco para regiões alagadas, um motor de 15HP, um reboque e um kit multimídia, que contem computador, impressora, fax, GPS e móveis para que a cidade possa estruturar a Defesa Civil.
Cada kit custa, em média, R$ 125 mil. Até o fim deste ano, serão distribuídos dez kits aos municípios que decretaram situação de emergência nos últimos dez anos e que não possuem Defesa Civil estruturada, entre eles Alegre, Guaçuí e Marechal Floriano.
Para ser contemplada, a cidade terá que firmar convênio com o Estado, se comprometendo em ter ao menos um funcionário exclusivo no setor. Outra exigência é concurso público para agente de Defesa Civil.
Entre as 17h da última quarta-feira e o mesmo horário de ontem, choveu em Vitória quase metade da quantidade registrada em todo o mês de setembro do ano passado. Apesar disso, a previsão do Centro de Meteorologia do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) é de que, a partir de hoje, o tempo deve voltar a abrir.
Nesse intervalo de tempo, segundo o Incaper, a Capital registrou 34 milímetros de precipitação, e houve vários pontos de alagamento. Em todo o mês de setembro de 2010, o índice chegou a 78 milímetros.
Período chuvoso
Segundo o meteorologista Pedro Henrique Bonfim, esse último temporal não representa a chegada do período chuvoso, que no Estado ocorre no fim no segundo semestre. "O fenômeno foi causado por ventos de altos níveis que estão circulando carregados de umidade", diz.
A partir de hoje, os ventos começam a se deslocar para o Nordeste do país. Assim, só o Norte e o Nordeste do Espírito Santo devem sofrer hoje com temporais.
Alagamentos
O temporal de ontem também causou alagamentos em Cariacica e Vila Velha. Nesse último, um dos bairros normalmente mais afetados é Cobilândia, onde mora a autônoma Maria da Graça Coser Alvarenga, 55.
Na rua onde ela vive, a Japeri, só passam botes e carretas quando chove forte. E Maria da Graça ficou ilhada em casa várias vezes. "Gastei R$ 700 em britas e coloquei-as em frente ao portão para impedir que a água avance", conta ela.
Prejuízos
"Toda vez que chove, perco móveis e gasto para reformar minha casa. Já fiz de tudo, mas não adianta."
Maria da Graça Coser Alvarenga, autônoma, 55 anos, moradora de Cobilândia, Vila Velha

Nenhum comentário:
Postar um comentário