sexta-feira, 16 de setembro de 2011

ES: Só 26 cidades no Estado podem evitar desastres por causa das chuvas. Os outros 52 municípios não têm defesas civis estruturadas

Rosana Figueiredo - rfigueiredo@redegazeta.com.br

foto: Divulgação
Rua Maria An·lia em Ilha dos Ayres, Vila Velha, alagada em função das chuvas - Editoria: Cidades AG - Foto: Divulgação
A chuva de ontem deixou várias ruas alagadas,  como em  Ilha dos Ayres, Vila Velha
Só um terço dos municípios do Estado tem condições de evitar os desastres causados pelas chuvas. O alerta é da Defesa Civil Estadual, que fez um diagnóstico nos 78 municípios e constatou que só 26 possuem funcionários e estrutura para executar medidas preventivas contra alagamentos, deslizamentos e enxurradas.

"Muitos municípios criaram defesas civis, mas não têm funcionários nem estrutura. Apenas 26 contam com coordenadores exclusivos para a defesa civil. Nos demais, os responsáveis estão envolvidos com outras atividades e só agem em caso de emergência", explica o coordenador da Defesa Civil Estadual, coronel Edimilton Ribeiro.

Organização
A Defesa Civil Estadual tenta, há tempos, fazer com que essas cidades tenham suas próprias equipes de defesa civil, de forma organizada e fixa. "Hoje, 52 municípios não têm condições para enfrentar desastres. Faltam mapeamento e monitoramento de áreas de risco, planos de contingência de desastres e capacitação de voluntários", aponta o coordenador.

Emergência

Segundo a Defesa Civil Estadual, 29 municípios decretaram situação de emergência em 2010. De janeiro até o início deste mês, foram 23. "A quantidade e a intensidade de chuvas e desastres naturais está crescendo", diz Ribeiro.

Na Grande Vitória, as áreas onde o risco de desastres é maior ficam em Vila Velha, Viana e Cariacica. No interior do Estado, a maior preocupação é no Sul. "Vila Velha está abaixo do nível do mar e é cortada por canais. Em Viana e Cariacica, o problema é a ocupação desordenada em morros e encostas. Já no Sul, muitas cidades foram construídas às margens de rios", explica.

Carro 4X4 e barco para municípios
Diante da dificuldade de estruturar os órgãos municipais, a Defesa Civil Estadual vai doar a alguns municípios um kit que inclui uma caminhonete cabine dupla 4X4, um barco para regiões alagadas, um motor de 15HP, um reboque e um kit multimídia, que contem computador, impressora, fax, GPS e móveis para que a cidade possa estruturar a Defesa Civil.

Cada kit custa, em média, R$ 125 mil. Até o fim deste ano, serão distribuídos dez kits aos municípios que decretaram situação de emergência nos últimos dez anos e que não possuem Defesa Civil estruturada, entre eles Alegre, Guaçuí e Marechal Floriano.

Para ser contemplada, a cidade terá que firmar convênio com o Estado, se comprometendo em ter ao menos um funcionário exclusivo no setor. Outra exigência é concurso público para agente de Defesa Civil.

O cenário das defesas civis

Onde a Defesa Civil está preparada para enfrentar desastres
Alegre
Anchieta
Aracruz
Bom Jesus do Norte
Cachoeiro
Cariacica
Castelo
Conceição da Barra
Domingos Martins
Fundão
Guaçuí
Itapemirim
Jerônimo Monteiro
João Neiva
Laranja da Terra
Linhares
Marechal Floriano
Piúma
Santa Teresa
São José do Calçado
São Mateus
Serra
Viana
Vila Velha
Vitória

Ranking da estrutura

As 10 melhores:
Vitória, Serra, Viana, Cachoeiro de Itapemirim, Anchieta, Castelo, Marechal Floriano, Aracruz, João Neiva e Cariacica

As 10 piores:
Pancas, Pinheiros, Presidente Kennedy, Apiacá, Irupi, Jaguaré, Mantenópolis, Montanha, Mucurici e Pedro Canário

FONTE:
Defesa Civil Estadual
Em 24 horas, quase metade da chuva de todo o mês de setembro

Entre as 17h da última quarta-feira e o mesmo horário de ontem, choveu em Vitória quase metade da quantidade registrada em todo o mês de setembro do ano passado. Apesar disso, a previsão do Centro de Meteorologia do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) é de que, a partir de hoje, o tempo deve voltar a abrir.

Nesse intervalo de tempo, segundo o Incaper, a Capital registrou 34 milímetros de precipitação, e houve vários pontos de alagamento. Em todo o mês de setembro de 2010, o índice chegou a 78 milímetros.

Período chuvoso
Segundo o meteorologista  Pedro Henrique Bonfim, esse último temporal não representa a chegada do período chuvoso, que no Estado ocorre no fim no segundo semestre. "O fenômeno foi causado por ventos de altos níveis que estão circulando carregados de umidade", diz.

A  partir de hoje, os ventos começam a se deslocar para o Nordeste do país. Assim,  só o Norte e o Nordeste do Espírito Santo devem sofrer hoje com temporais.

Alagamentos
O temporal de ontem também causou alagamentos em Cariacica e  Vila Velha. Nesse último, um dos bairros normalmente mais afetados é Cobilândia, onde mora a autônoma Maria da Graça Coser Alvarenga, 55.
Na rua onde ela vive, a Japeri, só passam botes e carretas quando chove forte.  E Maria da Graça  ficou ilhada em casa várias vezes. "Gastei R$ 700 em britas e coloquei-as  em frente ao portão para  impedir que a água avance", conta ela.

Prejuízos
"Toda vez que chove, perco móveis e gasto para reformar minha casa. Já fiz de tudo, mas não adianta."
Maria da Graça Coser Alvarenga, autônoma, 55 anos, moradora de Cobilândia,  Vila Velha

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