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RIO - O presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do
Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Cezar Peluso, abriu nesta
terça-feira a 135ª sessão plenária do CNJ com a leitura de nota assinada
por ele e outros 11 conselheiros, que repudia as declarações feitas
pela corregedora Eliana Calmon sobre "bandidos que estão escondidos
atrás da toga".
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Você acha que o CNJ deve fiscalizar os magistrados?
Em entrevista à Associação Paulista de Jornais (APJ) na
segunda-feira, a corregedora criticou a Ação Direta de
Inconstitucionalidade (Adin) que questiona a resolução 135 da CNJ que
aumentou o controle do conselho sobre processos administrativos contra
magistrados. À entidade, Eliana Calmon disse que a Adin é o "primeiro
caminho para a impunidade da magistratura, que hoje está com gravíssimos
problemas de infiltração de bandidos que estão escondidos atrás da
toga".
Sem citar o nome da corregedora, a nota divulgada por Peluso
"repudia, veementemente, acusações levianas que, sem identificar
pessoas, nem propiciar qualquer defesa, lançam, sem prova, dúvidas sobre
a honra de milhares de juízes que diariamente se dedicam ao ofício de
julgar com imparcialidade e honestidade, garantindo a segurança da
sociedade e a estabilidade do Estado Democrático de direito, e
desacreditam a instituição perante o povo."
A resolução 135 padronizou as regras dos processos
administrativos contra juízes e desembargadores, como o prazo para
prescrição dos processos. Em alguns estados, o prazo era de 180 dias,
tempo insuficiente para a apuração dos casos. Com a resolução, passou
para cinco anos e os TJs foram obrigados a informar o CNJ sobre todos os
processos.
Na quarta-feira, o
STF deve julgar a Adin que questiona a resolução do CNJ
. A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), autora da ação,
defende que o conselho não tem competência para tratar do assunto.
A sessão plenária da CNJ de hoje começou apenas por volta de 12h,
com três horas de atraso, porque os conselheiros se reuniram para
discutir as acusações da corregedora. Segundo o site Consultor Jurídico,
Eliana esteve presente à reunião e afirmou que as declarações dadas à
Associação Paulista de Jornais refletem o que realmente pensa acerca do
assunto. Depois, em silêncio, ouviu as críticas dos demais conselheiros.
Ela também estava na sessão em que foi lida a nota.
A nota lida por Peluso "reafirma, ainda, o compromisso permanente
da magistratura nacional com os preceitos éticos e jurídicos que devem
governar o exercício da função judiciária, bem como a apuração e punição
rigorosas de qualquer desvio funcional".
E "reitera, por fim, seu extremo respeito ao Supremo Tribunal
Federal, cujas decisões serão, como não pode deixar de ser, objeto de
estrito cumprimento e obediência".
Dos 15 conselheiros, 12 assinaram a nota de repúdio: Ministro
Cezar Peluso, Ministro Carlos Alberto Reis de Paula, José Roberto Neves
Amorim, Fernando da Costa Tourinho Neto, Ney José de Freitas, José
Guilherme Vasi Werner, Sílvio Luís Ferreira da Rocha, Wellington Cabral
Saraiva, Gilberto Valente Martins, Jorge Hélio Chaves de Oliveira,
Marcelo Nobre e Bruno Dantas.
Não assinaram, além da corregedora, José Luiz Munhoz, juiz do
Trabalho do TRT-12, e Jefferson Kravchychyn, representante da OAB no
Conselho.
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