Ana Paula Santos - cachoeiro@redegazeta.com.br
O retorno de dois dos seis pescadores capixabas que foram resgatados no início da semana, a cerca de 290 milhas da costa de Itajaí, em Santa Catarina, mobilizou o bairro Santa Rita I, em Marataízes, no Sul do Estado, onde eles moram. Cristiano Pereira de Souza, 32 anos, e Maycon Lima dos Santos, 24, estavam longe de casa há mais de um mês, e foram recebidos com muito carinho por parentes e amigos.
Desde o início da tarde de ontem, uma calorosa recepção já estava preparada na rua Antônio Andrade, onde eles moram. Faixas e cartazes com mensagens de boas-vindas foram pendurados por toda a via. "Toda essa festa foi preparada com muito carinho para eles", disse Elias Pereira da Silva, tio de Cristiano.
A espera para rever os dois durou mais de seis horas e, mesmo assim, dezenas de pessoas ainda aguardaram até às 20h10, exato momento da chegada dos pescadores. Com muita euforia e abraços, eles estavam novamente em casa. "Eu fico muito feliz de estar aqui. Não esperava uma festa tão bonita, com tanta gente", disse Maycon.
Ainda debilitados e muito cansados da longa viagem, os dois pouco falaram. Cristiano caiu nos braços dos amigos e não conteve o choro ao rever aqueles que chegou a pensar que nunca mais veria. "Nossa! Eu passei momentos muito difíceis. Não tenho nem palavras para explicar a felicidade que estou sentindo agora", afirmou.
Mesmo tendo acompanhado a recuperação do filho de perto, a mãe de Cristiano, Coleti Pereira de Souza, 55 anos, se sentiu aliviada ao chegar em casa. "É como se eu voltasse de novo de uma maternidade. Sinto que meu filho nasceu outra vez. Estou muito aliviada e espero em Deus que ele nunca mais volte para o mar".
Cristiano, Maycon e mais quatro colegas ficaram à deriva, depois que de o barco em que pescavam ter tido uma pane em alto mar, próximo a região dos Lagos, no Rio de Janeiro. Os pescadores só foram encontrados 22 dias depois, à mais de 290 milhas de Itajaí, Santa Catarina. Eles foram resgatados no dia seguinte, no Rio de Janeiro, onde foram hospitalizados para se recuperarem de desnutrição e desidratação.
Internados estão em situação estável
O estado de saúde dos outros quatros pescadores que permanecem internados em hospitais do Rio de Janeiro é estável. Todos eles têm apresentado melhora, mas para os familiares desses sobreviventes, agora é hora de acompanhar de perto.
Ontem, depois da chegada dos pescadores que tiveram alta, a mãe de Leandro Alves Vidal, de 34 anos - que está internado no Centro de Terapia Intensiva -, e a esposa de Gilnei Bahiense da Silva, de 56, pegaram a estrada para ver de perto a recuperação dos dois.
De acordo com Ilzimara dos Santos Estevão, de 35 anos, esposa de Gilnei, agora ela só volta do Rio com o marido. "Eu estou muito feliz com a chegada de Cristiano e Maycon. Agora só volto quando ele tiver alta", disse. Para a mãe de Leandro, Senhorinha Vidal Martins, de 60 anos, o filho tem feito muita falta. "Essa foi a segunda vez que ele foi pro mar para tentar me dar uma vida melhor. É um dos meus alicerces aqui em casa".
Também permanecem internados o mestre Zenildo de Oliveira Pacheco, de 31 anos, e José Cláudio da Conceição Sacramento, de 33 anos, este último na CTI, em estado grave.
"Eu passei momentos muito difíceis. Não tenho nem palavras para explicar a felicidade que estou sentindo"
Cristiano Pereira, pescador
"Fico muito feliz de estar aqui, em casa. Não esperava uma festa tão bonita, com tanta gente nos esperando"
Maycom Lima pescador
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