Foto: Reprodução TV Vitória |
O titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), delegado Marcelo Nolasco, explicou que manter crianças nessas condições é crime e pode levar os responsáveis para a cadeia. "Aquelas crianças estão submetidas a um crime chamado maus tratos, sendo que, dependendo das condições da carvoaria, pode configurar até mesmo um crime de submissão a condição análoga à de escravo, que é um crime federal e muito mais grave", esclareceu.
Adultos também trabalham nessas carvoarias em um regime próximo à escravidão. Apesar de lucrarem muito com a venda do carvão, os líderes da máfia pagam pouco pelo trabalho. Alguns trabalhadores recebem apenas R$ 2 pelo metro cúbico do produto, que chega a ser vendido por R$ 120 para as siderúrgicas.
O esquema também conta com empresas de fachada e laranjas, que forjam notas fiscais para sonegar impostos. O prejuízo aos cofres do Espírito Santo já chega a R$ 1 bilhão.
O caso
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Durante vários meses, a equipe da TV Vitória registrou a indústria do crime. Por trás de um esquema bilionário, que enriquece poucos, existe uma teia criminosa, que vai da exploração infantil ao tráfico de drogas, do trabalho escravo à sonegação fiscal, e que deixa para trás um rastro de milhares de vítimas.
Vítimas como dois meninos, de apenas oito anos, que já precisam lutar pela sobrevivência e ajudam as famílias a produzir carvão. Um trabalho duro, cansativo, que compromete a saúde e o desenvolvimento. Sem folga, eles passam o dia inteiro nos fornos, que tem o tamanho exato para uma criança. Um dia inteiro de trabalho rende para esses meninos pouco mais de R$ 7. "Para fazer esse forno eles trabalham mais ou menos um dia para ganhar R$ 13, que dá menos de R$ 7 para cada menino", disse um trabalhador.
A fumaça negra leva embora a infância, os sonhos e a saúde. O decreto número 6.481, de 2008, aponta o trabalho em carvoarias como uma das atividades mais perigosas e prejudiciais para crianças e adolescentes. "Você não percebe, mas, ao ser queimada, a madeira vai soltando partículas que vão se instalando dentro da estrutura pulmonar e também nos brônquios, que podem gerar futuramente algumas doenças como a fibrose pulmonar. Depois de instalada, é como se o pulmão fosse se tornando um pulmão de pedra", explicou a pneumologista Cinéia Martins.
A Polícia Rodoviária Federal afirma que fiscaliza o transporte de madeira nas rodovias do Espírito Santo, em conjunto com os órgãos ambientais, Receita Estadual e Federal. No entanto, o trabalho fica prejudicado por conta da origem das notas fiscais e das guias de trânsito. A PRF informa que os documentos podem ser originais, mas com informações falsas, impossibilitando a PRF de verificar se a madeira é legal ou não.
Nesta quarta-feira (27) você vai acompanhar mais detalhes sobre a denúncia da Máfia do Carvão e conhecer as condições de vida dessas pessoas exploradas. Vai ver que o crack já é usado como moeda de troca no mundo do carvão e vai saber também como é o trabalho da polícia para tentar impedir o avanço destes crimes.
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