terça-feira, 28 de junho de 2011

ES: O propagador de desgraças

Editorial
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À medida que as investigações de Século Diário avançam sobre a esbórnia promovida na gestão Paulo Hartung com a concessão de favores fiscais a grupos empresariais, robustece-se, na consciência da cidadania, a certeza de que aquele foi o governo que, proporcionalmente ao seu tempo de duração, mais prejudicou o Estado.

Não pode ser outra a constatação diante do que se lê na matéria em destaque nesta edição, em que se tornou flagrante um autêntico pacto em favor da morte e da destruição celebrado entre o então governador e os grandes projetos poluidores.

Um dado numérico dá a exata dimensão do problema: foram concedidos 38 incentivos fiscais e licenças ambientais entre 2007 e 2010 – os três últimos anos da gestão Hartung. O que deixa no ar a suspeita de que, antes de deixar o palácio, o governador resolveu quitar, com juros e de uma só tacada, tudo o que recebeu das poluidoras em matéria de apoio financeiro para se manter no poder.

É algo que repugna e enoja fazer tal constatação, considerando-se que, em última análise, quem pagou essa conta foi a sociedade. E pagou caro, pois não só deixou de entrar no caixa do Tesouro uma verdadeira fortuna em impostos que poderiam ter aliviado seus problemas no período – especialmente os das áreas de saúde, educação e segurança – como viu invadirem seus pulmões todos os malefícios dessa autêntica permissividade ambiental.

E quais são esses malefícios? Vamos deixar que responda a esta pergunta quem lida diuturnamente com a questão ambiental, o professor Paulo Saldiva, do Comitê da Organização Mundial de Saúde, que, em depoimento na Assembléia Legislativa, nesta terça-feira (28), reiterou serem de suma gravidade os impactos dos poluentes emitidos pelas grandes empresas no Estado.

Ao comparecer a uma audiência sobre a poluição atmosférica na Grande Vitória, naquele fórum de debates do Legislativo estadual, o professor ainda teve que ouvir absurdos como o de que as grandes empresas poluidoras não se consideram poluidoras, mas preservacionistas do meio ambiente, pois seguem normas estabelecidas pelos órgãos fiscalizadores da situação.

Se tais normas existem mesmo, ponderou o estudioso, o que é preciso fazer é alterá-las e não defendê-las, pois, frisou, a saúde pública possui ligação direta com a saúde ambiental. E esta, sabidamente, vai mal.

O especialista apresentou um estudo que apontou o aumento do risco de enfarto do miocárdio gerado pela poluição emitida em São Paulo (particulados e partículas inaláveis), cuja composição é a mesma da poluição emitida no Estado.

Mas não foi só isso que o professor teve de ouvir no debate. Ele e todos os demais presentes ouviram também o secretário estadual de Meio Ambiente, Paulo Ruy, confessar que não entende de questões ambientais. Ou seja, o representante do governo no debate confessou ser um corpo estranho no organismo da vida ambiental capixaba.

Por tudo isso, esta terça-feira vai ficar marcada na história da luta ambiental capixaba por fatos que não deixam dúvidas quanto ao terrível mal causado à sociedade capixaba por Paulo Hartung e seus homens de confiança, autênticos e assumidos propagadores de desgraças.

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