domingo, 1 de maio de 2011

ES: Medicina vira leilão no interior

Onde há médico sobra queixa de paciente
Por trás das dificuldades da população para ter acesso a atendimento de saúde de qualidade na rede pública no interior do Estado, uma verdadeira queda de braço é travada entre médicos e prefeituras. Sem ter como atender às expectativas salariais e de carreira desses profissionais, elas se veem diante de uma série de exigências. Quem não aceita a regra paga caro.

Itaguaçu é um dos municípios que tenta, há meses, contratar médicos. Apesar de o edital de recrutamento ser publicado semanalmente na imprensa desde janeiro, nenhum currículo foi enviado. Não faltaram, entretanto, propostas de médicos interessados em vantagens que não estão nos contratos. O salário oferecido, porém, é de R$ 8,3 mil, pouco menos que os R$ 9,3 mil, que recebe o prefeito da cidade.

"Eles ligam e exigem, além do salário, moradia, folgas, transporte, ajuda de combustível e outros benefícios", conta Vanusa Cristina de Souza e Silva, coordenadora de Atenção Primária do município. A possibilidade de ceder às exigências, porém, como assegura o secretário municipal de Saúde, José Carlos Canciglieri, está descartada.

O problema afeta sobretudo os municípios de menor força econômica e mais distantes dos grandes centros. Mas o Programa Saúde da Família (PSF), principal estratégia do Ministério da Saúde para garantir a assistência da população no setor primário, é o mais atingido pela falta de profissionais.

Não são raros os casos de prefeituras que não conseguem montar equipes e que, quando formam, não as mantêm por muito tempo. A secretária de Saúde de Rio Bananal, Valdineia Vaz Pedroni da Silva, que desde o início do ano tenta contratar dois médicos para atuar no setor, explica que, em geral, o PSF atrai médicos recém-formados, que já planejam deixar a função.

 "Às vezes, eles saem para fazer residência médica ou buscar melhores ganhos nas cidades maiores", diz Valdineia, destacando que o rodízio de profissionais inviabiliza uma relação mais próxima da equipe com a população.


Leia mais em Mesmo com salários de R$ 8,3 mil, prefeituras não conseguem contratar médicos no Estado. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário