quinta-feira, 5 de maio de 2011

ES: Juiz federal deixa o Estado após ameaças

foto: Divulgação
Julgar processos envolvendo tráfico internacional de drogas levaram o juiz federal Wilson José Witzel, 43 anos, a sofrer ameaças de morte quando foi titular da 2ª Vara Criminal Federal de Vitória. Diante das intimidações, que, segundo o magistrado, continuaram de forma distinta após assumir a 3ª Vara Federal de Execução Fiscal de Vitória, ele decidiu desistir de atuar na área criminal e mudou-se para o Rio de Janeiro, em outubro do ano passado.

Witzel faz parte da lista de 40 magistrados de varas criminais no país que, segundo levantamento da Associação de Juízes Federais do Brasil (Ajufe), vivem sob ameaça. Ao todo, são 300 juízes federais de varas criminais - o que significa que um a cada oito sofrem algum tipo de pressão.

Atualmente à frente da 2ª Vara Federal de Execução Fiscal de São João de Meriti, no Rio, Witzel conta que foi ameaçado de morte duas vezes. A primeira, quando atuava em vara criminal no Rio e, a outra, dois anos após chegar ao Espírito Santo.

Para evitar novas ameaças, ele não revela detalhes dos processos, mas explica que por trás deles havia integrantes de quadrilha de tráfico internacional de drogas no Estado, com ligações na Europa. Ele obteve informações sobre uma trama para matá-lo, elaborada em um presídio, e desistiu da área criminal após ver sua família no alvo.

"Minha família foi fotografada na praia, por um carro com placa clonada. O único apoio que tive foi da Seção Judiciária do Espírito Santo. O crime de conspiração precisa ser tipificado. Tenho três filhos e fica muito difícil trabalhar nessa situação. O juiz acaba se transformando em um encarcerado", comentou Witzel, natural de Jundiaí, São Paulo.

Mesmo na área de execução fiscal por dois anos em Vitória, ele afirma que não ficou livre das intimidações, principalmente após determinar quatro leilões por mês, em vez de um, de bens penhorados de sonegadores fiscais. Alguns processos envolviam cifras acima de R$ 50 milhões. "O Espírito Santo é pequeno. Facilita a intimidação, porque muitas vezes o juiz vai morar no mesmo prédio que o réu".

Witzel ressalta que muitos juízes que sofrem ameaças não querem se expor. Ele defende a aprovação de projeto no Senado que cria a Polícia Judiciária para proteger juízes federais.

Leia mais em Magistrado analisava processos sobre tráfico internacional de drogas e sonegação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário