quarta-feira, 25 de maio de 2011

" Espólio de um Déspota " : Concluído inquérito que investiga participação de delegados em crimes de tortura e extorsão. Corregedoria quer indiciamento de delegados por seis crimes. O inquérito ainda pede o indiciamento do advogado Jorge Teixeira Nader, por corrupção

Testemunha chave no inquerito que culminou com a prisão dos delegados e policiais

Inquérito sob sigilo

A decisão de decretar segredo de justiça no inquérito que investiga supostos crimes praticados pelos delegados Márcio Braga e Luiz Neves e cinco policiais civis da Delegacia Patrimonial foi para assegurar a integridade física das vítimas que denunciaram os acusados à Corregedoria de Polícia, salientou o juiz Marcelo Loureiro.

O magistrado explica que a "medida não traduz mais uma tentativa de 'colocar panos quentes' sobre supostos ilícitos de servidores públicos, em reverso, significa facultar segurança aos que já sofreram, ou foram injustamente prejudicados, para que possam levar ao órgão Corregedor da Polícia Civil, e após ao Ministério Público e ao Estado-Juiz, suas queixas e lamentações, tudo com o fim de trazer à tona a verdade real sobre as investigações".
A Corregedoria da Polícia Civil pediu o indiciamento dos delegados Márcio Braga e Luiz Neves e dos cinco policiais civis da Delegacia Patrimonial por seis crimes. O inquérito, concluído na terça-feira (24), como apurou a reportagem da Rádio CBN Vitória, ainda pede o indiciamento do advogado Jorge Teixeira Nader, por corrupção passiva.

Aos cinco policiais civis e ao delegado Márcio Braga são atribuídos os crimes de extorsão, formação de quadrilha, denúncia caluniosa, fraude processual e concussão (ato de exigir para si ou para outrem, dinheiro ou vantagem em razão da função). A Márcio Braga também foi atribuído o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. A corregedoria pediu o indiciamento do delegado Luiz Neves pelos crimes de corrupção passiva, denúncia caluniosa, formação de quadrilha e fraude processual.

No decorrer das investigações, Nader aparece como advogado do estelionatário Jonílson Ferreira Rodrigues, uma das vítimas que denunciou os supostos crimes cometidos pelos policiais. Nader teria intermediado uma extorsão contra um comerciante, amigo de Jonílson, no valor de R$ 20 mil para que o empresário não fosse preso por policiais da Patrimonial por receptação de produtos roubados. Na ocasião, os policias chegaram ao comerciante após apreender uma caminhonete dele que estava com Jonílson.

O pedido de indiciamento de Márcio Braga por porte ou posse ilegal de arma de fogo de uso restrito se refere ao Fuzil G3 apreendido na Delegacia Patrimonial. Em depoimento Braga afirmou que a arma já estava na delegacia, antes mesmo dele assumi-la.

O inquérito policial seguirá agora para o Ministério Público Estadual analisar os autos e decidir se oferece denúncia à Justiça contra os acusados. No inquérito, os policias são apresentados como uma quadrilha que agia utilizando até mesmo nome de autoridades.

Quando estavam à frente da Patrimonial, salienta o inquérito, os policiais escolhiam as vítimas que já tinham praticado algum tipo de crime e que tinham dinheiro para serem mantidas fora da prisão. "No decorrer das investigações, dificultadas em virtude das ameaças, torturas, intimidações e utilização indevida de nome de autoridades, dentre outras técnicas, os envolvidos localizavam pessoas com boas condições financeiras que cometeram crimes (às vezes delitos em que não cabe nem mesmo prisão) e procedem a extorsão, dentre outros crimes".

Os corregedores acreditam ainda que outros crimes possam ter sido cometidos pelos policiais e delegados, mas as vítimas não efetuaram as denúncias por medo. "Pela narrativa e pela forma que agem, esta é uma pequena parcela dos crimes cometidos, pois a maioria das vítimas não teve coragem para denunciar os fatos, visto que os indiciados, obtiam informações privilegiadas em repartições públicas", frisou a corregedoria.

O advogado Jorge Teixeira Nader informou que antes de se posicionar sobre o pedido de indiciamento por corrupção passiva quer ter acesso ao inquérito policial. A Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Espírito Santo, informou que vai abrir um processo ético-disciplinar contra o advogado se a Justiça acatar uma possível denúncia do Ministério Público.

(Com informações do jornal A GAZETA).

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