domingo, 8 de maio de 2011

ES: Depois do derrame, a volta por cima. Aos poucos, Albuíno retoma rotina de trabalho na empresa, intercalada com as sessões de fisioterapia

Minha memória está perfeita. Não ficou nenhum sequela na mente. Minha dificuldade é só mecânica" Albuíno Azeredo, Ex-Governador. Foto: Divulgação.

Vitor Vogas - vvogas@redegazeta.com.br
No último dia 27, a reportagem o localizou: em Buenos Aires, curtindo o feriadão esticado com a mulher, Waldicéa Azeredo. No dia seguinte, a reportagem o entrevistou. Dessa vez, ele estava em Brasília, onde tinha ido discutir, no Ministério dos Transportes, o projeto do trem-bala ligando o Rio a São Paulo. 

Com uma vida social e profissional tão atribulada, fica fácil deduzir que o ex-governador Albuíno Azeredo em nada lembra aquele entrevistado por A GAZETA em janeiro de 2010, meses após ter sofrido um acidente vascular cerebral (AVC).

Do derrame, não ficou nenhuma sequela intelectual. A memória de Albuíno está perfeita, assim como o raciocínio. Orgulhoso, o ex-governador conta que "recebeu alta" das sessões de fonoaudiologia há três meses. Os movimentos dos braços e pernas é que estão bastante limitados.

Ele anda com apoio de muletas e perdeu a sensibilidade nesses membros. Mas nada que o desanime. Aos poucos, Albuíno retoma a rotina de trabalho na sua empresa de engenharia, intercalada com as intensas sessões de fisioterapia, e alterada pelos novos cuidados que sua condição requer.

"Não digo que estou 100% recuperado, porque ainda faço muita fisioterapia, que é minha prioridade. Vou para o trabalho às terças e quintas, e faço fisioterapia às segundas, quartas e sextas, seis horas por dia. Faço exercícios na piscina, na esteira e na bicicleta ergométrica, para recuperar os movimentos dos braços e pernas", conta ele, para emendar na parte mais positiva: Minha cabeça está boa. Consigo produzir normalmente. Estou totalmente lúcido, com reciocínio lógico perfeito, e já tenho agilidade para fazer proposições, como exige o meu trabalho como engenheiro. Minha dificuldade é só mecânica".

Entre as adaptações necessárias, o destro Albuíno precisou reaprender a escrever, usando a mão esquerda. "Estou mais lento, mas a letra é perfeitamente legível", vibra ele, que chegou a firmar em cartório e nos bancos a nova assinatura, "muito próxima à antiga". Mas a fisioterapia também inclui exercícios específicos para que ele possa voltar a escrever com a "mão boa".

Workahoolic confesso, Albuíno também está pegando mais leve no trabalho, por recomendação médica, para não repetir o erro que culminou com seu derrame. "Nas terças e quintas, encerro às 17h30. Não fico até à noite, como antes. Tenho medo de outro derrame. O trabalho sempre foi minha terapia, mas eu estava exagerando. Não tinha almoço, não tinha sábado nem domingo. Saía da firma às 5h da manhã. Não posso fazer mais isso."

Longe da política e com foco no trem-bala
Proprietário de uma empresa de engenharia e um dos grandes especialistas do país em transporte ferroviário, Albuíno já elegeu o projeto ao qual quer dedicar o resto de sua carreira: o trem-bala no eixo Rio-São Paulo, o qual ele ajudou a projetar. "É o projeto dos meus sonhos. Trabalhei muito nesse projeto e quero terminar minha vida nele." Com tanta dedicação ao trabalho, não sobra mais espaço em sua mente para a política. "Não tenho acompanhado a política local. Foi uma fase da minha vida e uma experiência muito interessante. Mas eu voltei para o meu primeiro mundo, que é o do transporte. A política não é o meu mundo." Albuíno também é professor titular na UFRJ, mas já requereu a aposentadoria. Ele tem buscado passar mais tempo com a família. "Estou fazendo passeios que não fazia antes." Albuíno tem 66 anos e vive na Barra da Tijuca, no Rio.

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